domingo, 13 de junho de 2010




"Senti, pela primeira vez, que eu tinha alguém reservado para mim, aquele que pensei ser o que me dominaria e representaria perigo...Eu que sempre fui fria e indomável, parecia presa naquele abraço encantado, eternamente...".

Oito séculos mais tarde.....

A existência seguiu seu curso natural. Milah morreu e ressurgiu mil vezes a cada eclipse; sim, ela sobreviveu depois daquele crepúsculo...depois de ver Zíon retornar ao espaço, seu lar. Ele era uma estrela, um ser diferente, único e que jamais pertenceu ao mundo dela...agora ela sabia disso. E apenas ela conhecia esta verdade, guardou aquela visão mágica e ao mesmo tempo terrível com ela por um ciclo de oito séculos.

Porém, ser atingida pelos raios dele, pela luz e mistério modificaram a estrutura física e psíquica dela, para sempre. Mudanças jamais vistas em Angle ocorreram - Milhah tornou-se ainda mais poderosa e má. Não havia mais nada no deserto em que se transformou seu negro coração de bruxa.

Depois de alguns dias após Zíon ascender ao universo, Milah senti-se estranha, uma guardiã sentiu o amor pela primeira vez em toda a existência; um paradigma quebrado trazia sempre desequilíbrio ao estado de suspensão da magia, ao plano paralelo que era aquele mundo. Tudo mudou! A interação e ações de Milah tornaram-se obscuras, confusas e ainda mais insesíveis.

Como uma cicatriz, o coração dela endureceu ainda mais num misto de dor, ódio e desespero para eliminar a dor de amar e ser deixada.

Ela destruiu as imagens e lembranças e apenas cultivou a razão. Uma razão distorcida e forte. O conselho também mudou e tentou controlar e dominar a força extrema e perigosa que eles percebiam crescer no seio dela - tentaram prende-la por medo do que ela poderia fazer. Contudo eles não sabiam os novos "limites" dos dons dela. Ela agora não só era racional e tinah percepção aguçada, o MAL cresceu e lhe concedeu o domínio de algo até então negado a ela - a magia.

Era tarde para ela e para todos em Angle - ao sentir que o conselho, os anciões tramavam captura-la e neutraliza-la - Milah foi mais rápida. Em duas semanas Angle foi varrida da face da Terra Mágica, da Ilha Suspensa. Não apenas pelas mãos dela; o conselho seguiu o seu plano e tentou aprisioná-la no 'Mundo Inferior', entregá-la a Hades - o senhor das profundezas. Lendo as mentes, vislumbrando todo o maléfico plano, Milah não pensou muito...voltou-se contra os seus e varreu Angle do mapa - não as paredes, castelos, casas e templos - ela destruiu o órgão central - matou cada membro do conselho - o que destruiu todos os seres, numa reação em cadeia!


Estava feito. Angle não existia mais.


Milah passou a existir solitária, mais do que jamais imaginou. Ela apenas interagia com o restante dos seres mitológicos que habitavam a Ilha Suspensa.


Seis séculos passaram...Imutavelmente.

Então....Algo assustador e impossível aconteceu na Ilha Suspensa, aconteceu á Milah. Como um castigo, após toda a dor e destruição, Milah acordou em uma madrugada e...Ela não sentia mais seus dons - ela sentia-se...HUMANA!

Como uma maldição ou punição, o equilíbrio deveria ser mantido, e Milah fora castigada - tornara-se humana. Tudo que ela havia sufocado por séculos, voltara com amis força! Dor, medo, solidão, frio, sede, fome...desespero!

Era como se ela fosse feita de metal forjado e agora o metal dissolvera-se...expondo uma pele translúcida, macia, alva e indefesa.


Milah tornara-se vulnerável e humana.

Não apenas sentia as necessidades e malezas de um corpo hunamo mas também seus anseios, dúvidas e instintos.

Não haveria mais como ser imortal e resistir a tudo e todo o medo, inclusive o medo da solidão que acompanha todo mortal. Tudo lhe fora tirado, porém...Uma coisa restava, ela não perdeu sua capacidade de lutar. Milah era, antes de tudo, uma lutadora, uma guerreira em essência. Não sabia o significado de entregar-se ao Destino sem lutar. Ela era forte, ainda que despedaçada. Então, traçou em sua mente maneiras de sobreviver a tudo aquilo.

E, a única resposta era....Deixando-se levar pelo destino, pelo que ELE queria dela.

O que pode ser mais mortal que o AMOR?

Sim! Era uma das lições que ela teria de aprender. O Destino assim queria. Era isso que esperava por ela...

Uma noite, Milah estava em meio a floresta olhando o céu e observando a Estrela que ela sabia ser a imagem de Zíon, como ela fazia de maneira compulsiva e doentia desde que ele subiu ao céu, sumindo.

Ela ficava deitada em meio às samambaias selvagens e úmidas, olhando o céu. Mas naquela noite haveria companhia...

Depois de horas observando o desenho e brilho da SUA estrela, um silvo fino pareceu correr como uma serpente atrás de umas árvores escuras. O olhar rápido e assustado dela correu a mata tentando identificar o animal que provavelmente a atacaria! NADA.

Então, numa atitude bem característica dela, Milah gritou alto: Apareça, seja lá o que for!

Um vulto fez o mato se mexer suavemente, Milah seguiu a trilha do movimento das samambaias com o olhar desesperado de pavor! Então, o ar se deslocou atrás dela, em sua nuca e uma voz estranha rompeu a noite silenciosa;


- Olá, menina...- Milah pulou para frente e olhou instantaneamente para trás ao mesmo tempo querendo correr mas sabendo que seria inútil, o que quer que fosse, se a quizesse morta, conseguiria...Ele aproximou-se e nada disse mais....só o que sentiu foi a mistura de sede e desejo que ele emanava....

Nos braços dele - um ano depois - Milah sorria ao relembrar aquele encontro...

Um VAMPIRO.

- Não imagina que vocês existissem de fato, aqui na Terra Mágica...tantas lendas...rsrsrs - Ela sorria deitada nos braços dele.

- Não nos revelamos, a não ser para saciar a sede, matar nossas vítimas ou...escolher uma companheira.


Aquela noite, o Destino - senhor de tudo como um deus mitológico - decidiu que Milah havia sangrado e sofrido o suficiente, como mortal. Assim, ELE enviou um ser que mudaria tudo, devolveria à ela a imortalidade em outra condição, fria e eterna.

O vampiro elegante, reservado e frio como a lâmina de uma adaga fora levado a buscar por uma companheira, como um "passe de mágica", ele sentiu que deveria encontrar uma amada imortal e deixar a existência solitária (nada mais que pura manipulação feita pelo Destino, como em um tabuleiro de xadez).


...Naquela noite na floresta, ele a tomou em seus braços e a fez dele. Porém, isso a mataria certamente, então, após saciar sua sede carnal, ele a mordeu e bebeu dela para si...saciando sua sede pelo sangue dela, ao máximo...depois mordeu o próprio punho e a fez beber dele...ele não a queria morta, queria para ele.


Surgia um novo ser. Onde havia uma bruxa, que castigada tornou-se mortal para sofrer por seus pecados em amar, fez-se uma vampira!

Ela não possuía qualquer controle sobre seu destino, ele fora traçado à revelia, incontrolável, imprevisível. Ela só deseja SOBREVIVER. Este era seu instinto básico e imutável, desde guardiã.

Agora ela era imortal novamente e com novos e estranhos dons. E, ao olhar para o seu lado, havia aquela visão quase impossível, um ser que a desejava de maneira imortal.

Parecia cruel se não fosse fascinante. Antes não poder amar e sentir e, assim, também não sofrer. Agora....sentir cada toque com todos os seus póros, desenhados para captar cada partícula, cada modificação do ambiente, sentidos aguçados como uma fera, predadora.

Ele a escolheu entre tantas possibilidades impossíveis. Prováveis armadilhas do Destino - sempre irônico em seu humor ácido.

Um ano.

Descobertas...ela jamais imaginou que aquilo que seus novos e potentes olhos viam existisse de fato.

O amor existia. Podia ser uma forma de amor diferente, estranha, condenável aos olhos humanos, mas ele existia e ela podia senti-lo. Não era mais a guardiã condenada a não provar daqueles sabores...


Parecia que a nova vampira estava, enfim, segura e curada de todas as dores, medos...feridas profundas.

O 'buraco' em seu peito havia finalmente cicatrizado e desaparecido?!

Em uma madrugada, Milah saiu sem seu companheiro...ela sentiu sede e resolveu caçar sozinha. Como sempre, forças ocultas nos levam por caminhos e decisões insondáveis...

Estava na Floresta - velha conhecida de tantas e tantas noites - quando....

Um clarão e uma explosão cruzaram os céus!

Milah correu e escondeu-se dentro de uma caverna. Observando tudo quieta e preparada para MATAR OU MORRER.

Aquilo não poderia ser nada bom...Foi então...que ela notou que a radiação luminosa intensa se aproximava, indo ao seu encontro!

O corpo dela tremeu, como se fosse humano outra vez! Todo seu corpo, suas mãos e seus lábios tremiam...

Ela entrou mais na caverna. Porém a luz a seguiu.

Quando não aguentava mais de expectativa, Milah - provando sua impulsividade peculiar - se lançou contra a luz, num ato de mais puro desespero! O corpo magro, alvo como a luz da lua dela lançou-se ao ar, em direção à ameaça.

Matar ou morrer - ela pensou.

Em pleno vôo da vampira, braços ergueram-se do centro dos raios de luz néon e a seguraram, puxando seu corpo para o interior da zona de luz, com força e autoridade.

Milah sentiu o 'travar' em pleno pulo e o pânico agora era insuportável. Ela seria destruída por algo desconhecido e ninguém saberia, seu companheiro nada poderia fazer para ajuda-la, ela estava só!

Em segundos que pareceram voar fantasmagoricamente...ou se arrastar como as areias de uma duna...os braços a capturaram e levaram para perto - DELE.

Milah sentiu sua consciência apagando-se como a chama de uma vela ao se extinguir...a última lembrança era de tocar as mãos em um peito forte, sentindo-se aprisionar completamente. E que...no auge do pavor, um sentimento de serenidade a invadiu, vindo da "coisa" que a pegava e prendia.



O que era aquilo?!



Ao despertar, viu-se em um lugar diferente mas....ao olhar melhor ao redor, pareciam ruínas de um lugar familiar...

Não!

- Um grito de fúria e dor saiu do peito dela - ao reconhecer Angle!

Seus olhos buscaram alguma resposta em volta, correndo cada móvel e ruína como se estivessem famintos para enxergar que era um pesadelo, ou sonho! Uma vertigem a cegou por alguns minutos...ela se debatia contra alguma coisa...

Uma mão forte, quente como metal derretido, cheia de cicatrizes, tocou a face dela, levemente, indo aos seus cabelos claros e arredios...como se estivesse sentindo a maciez, recordando o aroma e textura...como se recordasse o gosto...o cheiro...

Os olhos lacrimejantes dela, tentaram focar na figura sentada à beira da cama onde ela estava deitada - mas negaram-se a reconhecer a face ali, os olhos azúis e brilhantes de mistério...que a olhavam com uma expressão de insanidade e saudade: Zíon.



Ele havia regressado, impossivelmente, assustadoramente, arrebatadamente sem que mudasse absolutamente nada.


Com a voz embargada, ela apenas disse:


- O que faz aqui...? - Um aperto em sua garganta obstruiu o resto das palavras...(Medo e confusão mental).

Ele continuou calado, olhando para ela como se desejasse tragar sua mente e evoluir mil anos em um segundo. Um arrepio infernal percorreu a pele das costas dela...

- Por que...

Ele a interrompeu.

- Todas as suas perguntas serão sanadas, assim que se acalmar e recuperar-se da radiação...do que ela fez sobre você quando nos encontramos...Lhe explicarei tudo que desejar saber, Milah.


Ela sentia-se...completamente desorientada. Era realmente ele, diante dela depois de séculos?!





----Continua -----

domingo, 10 de janeiro de 2010

ERA UMA VEZ...Parte I

Era uma vez uma garotinha que nunca havia conhecido o amor, até que seu coração foi partido por um garoto...

Ventava muito e o início da noite se aproximava.
Claire estava sentada como sempre em frente ao seu computador pré-histórico - paleozóico seria mais adequado - ela observava a tela, mas estava vazia.
Não vazia de conteúdo, havia o youtube aberto bem na frente dela, ela colocou um clip bem romântico - claro, se era para estar no fundo do poço, porque não cavá-lo mais um pouco? - estava vazia dos sentimentos que ela abrigava ali, escondidos e refugiados, no seu mundo particular. Secreto.
Ela era apenas uma garota, como tantas. Que sonhava acordada, que achava-se idiota por fugir da realidade. Como ela podia estar sofrendo por algo assim?!
A pergunta martelava na cabeça dela como uma torneira vazando gota à gota, madrugada à dentro.
Mas, ela não buscava exatamente uma fuga! Ela sabia disso.
Ela buscava algo que nem ela própria entendia. Quem podia julgá-la então?
Calma! Não se culpe e condene tanto, você é normal! - Ela pensava consigo.
"Normal?" O que normal significa afinal?

Mas...Nem sempre Claire sofreu e chorou...Nem sempre foi a garota com o coração partido...

Claire e seus pais mudaram-se de NY para uma cidade de médio porte, no Estado da Califórnia. As garotas do novo colégio eram loiras, lindas e ricas (algumas eram amigas do amigo do Justin - Yes! Elas conheciam o sexy e gato Justin Timberlake! Hellooo, ali era a Califórnia!).
Claire era "morena", muuuuuito branca e com os cabelos louro-escuro e seus pais tinham pouco dinheiro. Ela era o que se podia dizer "beleza exótica". Os cabelos claros (mas não platinados quase brancos como os das "Patricinhas de Beverlly Hills), lisos e com mechas esvoaçantes desciam até o meio do dorso, os olhos verdes pareciam não estar na face correta, eram imensos e brilhantes, com uma constelação de pintinhas marrons sob eles, tornando o rosto dela divertido e sempre com "16 anos".
Logo no colegial, ela percebeu que era um pouco: diferente.
Ela não pensava nem desejava o que suas amigas queriam, ela pensava de uma maneira completa e assustadoramente diferente.
Queria ser independente, livre, viajar e conhecer culturas e o mundo. O mundo conhecerá o meu valor - ela gostava de repetir para si mesma.
Mas o tempo passou e ela agora tinha 17 anos e estava em um lugar novo, estranho, nada se encaixava. Uma nova vida...
Lembranças iam e vinham na sua cabeça, ali, deitada em sua cama, olhando o teto.
'Nunca pensei em amar, nunca foi o que eu quis para mim!' - Suspirou.
'Por que está tudo tão diferente agora? Por que me imporo tanto com isso?'
Claire estava aflita e angustiada.
Ela não era de suspirar nem desviar seu caminho por um garoto, ainda que ele parecesse com o Zac (Zac Efron - o garoto mais lindo do universo na opinião dela e de suas 99.999, 00 mil amigas!). hahaha
Porém....Agora isso parecia diferente.
Simplesmente, ACONTECEU!
Sim, sim, sim. Claire estava amando e pior! Sofrendo!
E a culpa era dela! Quem mandou deixar uma brecha? Quem mandou não lacrar bem a entrada? Ela sabia que o perigo rondava, ela viu suas amigas, uma a uma serem vítimas daquele sentimento traiçoeiro que sempre acaba em lágrimas e depressão.
Mas ela achava que era melhor, mais esperta. Ela era?!
Infelizmente, ninguém era imune àquele vírus. Principalmente ali, naquele lugar.
No máximo a pessoa era infectada, sofria horrores e torturas e depois ficava mais forte. Mas imune? Não. Ninguém.
E Claire havia descoberto isso do modo mais cruel - foi surpreendida quando menos esperava - e o fundo do poço parecia um local raso para ela.
Ela caiu, chorou, sofreu calada, em sua antiga vida, em seu antigo mundo. Ela não contou a ninguém, mas conheceu o amor. Um amor platônico - diga-se a verdade - mas ainda assim, intenso, avassalador e que ficou preso na garganta dela, até hoje...Afinal, não importa se ele nunca chegou a saber que ela o amava, ela sabia!
E neste novo mundo?
Claire seria contaminada novamente? O vírus traiçoeiro à espreitava outra vez?
'Alguém aí tem a vacina?!' - Ela queria gritar. Seria inútil.
Se alguém tivesse conseguido o antídoto para aquela agonia, devia guardar para si, e não podia-se dizer que o sujeito era egoísta, afinal, quem quer morrer depois de estar morto? Uma morte única e dolorosa na vida já é suficiente.
Agora ela estava ali...Desligou o seu amigo de lata - o computador rosa - e deitou-se, olhando o teto de seu quarto - decorado com estrelinhas neon - lembrando detalhada e masoquistamente do rosto DELE.
Sim, ELE.
Mais um ser capaz de tirá-la de órbita, de massacrar suas defesas como um menino chutando seus soldadinhos de plástico!
Ele chegou e entrou na sala como um raio de sol depois do apocalipse! Iluminando e trazendo esperança.
Esperança de que a mudança, de que ser obrigada a estar naquele lugar e com gente estranha não seria como ser lançada no calabouço de um castelo, seria como estar lá em cima, na torre mais alta e avistar um príncipe em seu cavalo se aproximar (Tá bem, exagerei, mas imagina a cena, linda não?! rsrsrs).
Ele podia ser um sinal de esperança... Mas poderia ser também um aviso "Acorda! Senão vai acabar parando no fundo daquele poço, lembra?".
Quem poderia prever as surpresas reservadas para ela?

“We will all laugh at gilded butterflies”



CONTINUA....
P.S. Quem ler e quiser, favor dar uma sugestão para o nome do "príncipe", deixem aqui suas sugestões

ERA UMA VEZ...Parte II

Para o meu jardineiro fiel...

Quem poderia prever as suspresas reservadas para ela?
Quem sabe o "oráculo google", ou a "melhor amiga: bola de cristal", quem sabe sua velha e repetitiva mãe "tenha cuidado com os rapazes Claire!"...
Não. Nenhum deles com suas frases clichês e repetidas à exaustão poderia prever.
Algumas semanas passaram...
Claire o via entrar todos os dias, sempre como um raio solar, iluminando e trazendo vida àquela realiadade desprovida de graça, sem perpectivas.
Ela sentia-se caindo, caindo cada vez mais... o velho poço esperava por ela como uma imensa boca rindo do sofrimento alheio e esperando a refeição ser lançada nele. Afinal, eram velhos conhecidos, desde seu amor platônico do inverno passado...o poço deve ter dado boas risadas dela. A garota boba que nem conseguiu dizer "Eu te amo"...Que amava um fantasma, alguém idealizado. Mas, o que tinha de criminoso e idiota nisso?!
Tudo bem, criminoso é muito exagero, mas...idiota cai bem, se cai...
Você podia ter falado, mas teve medo de parecer idiota e acabou sendo idiota! - Ela refletiu.
Com uma careta de insastifação pessoal ela espantou aquele raciocínio estúpido e nada útil ali, afinal, a professora já estava olhando para ela com cara de "poucos amigos" e suas notas haviam despencado como um elevador velho...
Opa! Elevador despencando trouxe a imagem do...do poço! Poço de novo?! Vá embora!
A aula passou e ela conseguiu se concentrar. O sinal tocou.
O pátio externo não era muito mais consolador e agradável que a sala de aula cheia de estranhos.
Claire refugiou-se no lugar mais parecido com o que ela era: a biblioteca. Se bem que Claire se assemelhasse mais a um museu antigo...Rico em sabedoria e estórias, porém pobre em experiência vivida. Havia idéias mirabolantes, fantasia, páginas e mais páginas de sonhos e planos de um amor eterno e forte, cultura, mas isso tudo ficara gongelado desde que seu pequeno e confuso coração fora partido por...
Sentada na última mesa, ela abriu um romance e devorou algumas páginas.
A cena repetiu-se por três semanas.
Depois da terceira semana, o "Raio de Sol" - o garoto que iluminava sua confusão mental no primeiro dia no novo colégio - surgiu e, por mais estranho que pareça, ele aproximou-se e sentou-se com ela.
Mas o sofrimento anterior era tão grande ainda no peito dela que aquilo parecia algo pequenino e sem impacto na monotonia que havia se tornado os dias desde que mudou-se para o novo lugar.
Contudo, assim que ele aproximou-se e disse seu nome, Claire sentiu algo estranho, um misto de acolhida e amizade, só que diferente.
Era visível que aquele era o garoto mais desejado do lugar. O jeito que ele falava e sorria, o jeito que mexia no cabelo, parecia uma máquina programada para fazer suspirar! (Por que estes garotos existem? Urgh!). Pior! Ele SABIA que era poderoso.
Como em um romance cuidadosamente escrito, ele parecia - impossivelmente - dizer e calar sempre na hora certa.
Ele definitivamente era perigoso. (Calma! Não é o que vocês estão pensando...rsrsrs Nada de vampiros ou lobisomens para nossa pobre Claire, afinal, humanos já têm seu próprio potencial de perigo...).
Os dias se passavam e aquela recente e improvável A-M-I-Z-A-D-E tomava forma e cor.
Eram como Sherloke Holmes e o seu fiel companheiro Watson! rsrsrs Unidos para desvendar mistérios. Mas de quais mistérios eles buscavam a solução?
Não, ele não aproximou-se por descuido ou casualidade da nossa garotinha do coração partido. (Lamento informar, mas sempre há um começo e um MOTIVO, apesar de nem sempre sabermos ou entendermos as razões, chamem isso de DESTINO, é como eu prefiro chamar).
Ele parecia sofrer, por baixo daquela casca de... ("Zac Efron sem a Vanessa Hudgens?)...
Sofro mais prefiro não comentar muito, só me empresta seu ombro amigo, tá bem? Este era o estilo dele. Ele falava, desabafava, sempre deixando alguma pergunta sem resposta.
Claire ouvia e tentava ajudar, afinal, o que mais ela tinha a fazer ali? Pelo menos ele a fazia sentir-se bem; ajudar fazia com que ela esquecesse a própria dor e solidão.
Claire amava Shakespeare (tudo bem que isso era algo que ela compartilhava com o seu "amor platônico" e era uma maneira de mantê-lo "vivo" e ao lado dela, ainda que isso a fizesse sofrer e lembrar, Shakespeare merecia ser lembrado, mesmo que trazendo lembranças indesejáveis às vezes...).
Estava sentada no lugar de sempre, no horário de sempre e já podia ver seu "novo amigo" entrando pela porta principal da Biblioteca...Ela estava com um trecho de Rei Lear nas mãos: "E riremos juntos de borboletas variegadas...". . Era algo assim, como ser uma borboleta dourada. Ahh...Claire sabia bem como era ser variegada...Uma espécie de borboleta rara e dourada, muito bela e admirada. Contudo, por seu peso e aerodinâmica, estas borboletas não conseguem voar...Elas enfeitam, provocam olhares e cobiça e todos se admiram da sua rara beleza, mas voar? Não, elas não podem desfrutar do céu, não são como as outras e suas "amigas de jardim" riem dela "Coitada, tão bela e admirável, mas não voa conosco, vive a esperar, vive a ser solitária e em 24hs ela partirá...".
Isso Claire sabia bem, ser diferente e sozinha.
Seu novo amigo - ainda improvável, entretanto fiel e já querido - veio e sentou-se ao seu lado, observando o treço de Shakespeare em suas mãos trêmulas. Ele sorriu.
- Claire, quer saber uma coisa? Sou como um jardineiro que planta um jardim e espera que as borboletas venham visitá-lo. Mas eu sei qual a borboleta que desejo que pouse e permaneça nele para sempre...Ela é linda, colorida e suas asas batem num frisson instável que me deixa louco! - Ele disse e sorriu amarelo - lembrando da menina que o enfeitiçou.
Claire sentiu a tristeza que havia ali e pensou: "Ele semeia e cuida do jardim desejando que uma só borboleta venha beijar suas flores; eu sou uma borboleta dourada, que posso vir beijar-lhe as rosas, as hortências, mas, se um dia vier, nunca mais poderei ir-me, pois não posso voar. Uma vez escolhido meu jardim e meu jardineiro, serei parte da paisagem eternamente."
Claire sentiu MEDO.
Depois de todos estes meses, ajudando, sendo ajudada, confidenciando, rindo e chorando com ele (tudo bem, me rendo, ela mais falou que ouviu...rsrsrs) ela percebeu o perigo!


Como pequenos e, aparentemente simples, gestos e palavras podem realmente mudar destinos - ela pensa consigo enquanto o vampiro afasta com delicadeza sua franja repicada e clara... (Ué? vampiro? Calma outra vez, é só uma expressão, maneira de falar, já que todos nos sugam mesmo, uma hora eles vão te sugar, menina, cuidado!).A lua emitindo sua luz prata que faziam os repiques da franja brilharem e ela os observa...
Como o brilho nos atrai, como é fácil ser atraído pela beleza, pela força, pela inteligência. Difícil mesmo é manter-se forte, mesmo quando seu corpo emite sinais que deve ser egoísta e fugir antes que não haja mais fuga possível.
Mas...O verdadeiro amor espera...uma vez mais.
Voa! Voa minha ave - borboleta variegada ou multicor - vai por entre o céu e as nuvens, descobre e desperta o que desejas, supre teu peito com algo que sempre teve mas nunca pôdes ver de verdade...
Eu não sou tua borboleta atraída pelo jardim como um inseto bobo pela luz; sou apenas mais uma flor que tu mesmo plantaste, como tuas mãos na terra, na hora da dor e da solidão, não vim a ele para alimentar-me das flores que aqui estão, sou alimento, sou eu que alimentei tuas tão desejadas borboletas!
Sabes como? Alegrando ao coração do jardineiro, meu jardineiro fiel.
Sou como a rosa que espera por seu doce e confuso pequeno príncipe, a rosa sempre te esperará, meu senhor....eternamente.
Disse o que meu coração não queria permitir, mas ainda assim Ele sabia, deu-me um presente, fez-me sentir como no passado, muito mais do que minha razão esperava...Surpreendeu-me, arrebatou-me.
Uma vez mais eu SENTI.
Quando eu TE VI, meu mundo amanhaceu...Eu consegui novamente sonhar, como pensei que jamais conseguiria.
Ainda que não venhas regar-me, cuidar-me ou entender-me, ainda que diante das adversidades eu sofra, murche e seque.
Minhas pétalas secas voarão com o soprar do vento e minhas folhas e sementes semearão mais uma vez...
E então serei novamente livre, livre para renascer.
E estarei em algum jardim, entre as flores...Para quem sabe alegrar a outro jardineiro...ou para por tuas mãos ser novamente cultivada e colhida.


De súbito, Claire ergueu seu corpo, voando da cadeira e correndo, correndo...Os segundos de alucinação haviam parado e ela precisava agir! Antes...antes que fosse tarde!
Ela não parou, não olhou para trás por sobre o ombro para ver a face do seu amigo (devia estar atônito e pálido), ela só sabia que tinha que ir...ir para algum lugar onde o amor não a encontrasse novamente.



Mas...o DESTINO ainda reservava surpresas, Ele - sentado em sua velha cadeira de balanço - ria da pobre Claire correndo assustada e lançava ao ar um pensamento "Não adianta correr, minha criança, eu vou te encontrar e verás que reservo para ti o mais doce dos aromas...

Continua

ERA UMA VEZ...Parte III (A Luz e a Mariposa)


"Não adianta correr, minha criança, eu vou te encontrar e verás que reservo para ti o mais doce dos aromas..." Disse o Senhor Destino, rindo-se da pobre Claire que corria porta a fora, fugindo do...da Biblioteca.

Borboleta variegada? Rosa no jardim? Não!
Claire não sentia-se mais como nenhuma delas...Ela não era única, nem especial, nem rara. Era COMUM.
Apenas uma alucinação, uma alucinação...Ela repetia a si mesma enquanto chegava até o ônibus escolar - seu salvador amarelo e antigo no momento - ela nunca ficou tão feliz ao ver o motorista rabujento - sr. Dannis - olhando para ela como se estivesse sentindo raiva do mundo (por que estes caras existem e dirigem para adolescentes? Temos direito a um adulto mais amistoso, nossa vida já é caótica o suficiente, não acham?)
Meu príncipe no cavalo branco agora personificou-se em um ônibus velho e o velho sr Dannis?! Que calamidade!
Claire entrou e sentou-se no primeiro lugar vazio que encontrou.
Borboleta...Humpf.
Quem sou eu para ser uma borboleta, ainda mais dourada e rara - Claire pensava e isso martelava em sua cabeça, assim como a visão dele e o olhar de "Ela está bem ou surtou?" que ele tinha no rosto antes dela sair correndo (feito louca) pela porta da biblioteca...
E, ele nem procurava uma "borboleta dourada! Ele queria A BORBOLETA COLORIDA e que podia voar! Sua tonta!
Por que eles sempre querem o que está longe, o mais complicado e chato quando poderiam ter algo tão...
O sacolejar do ônibus deixava a nossa pobre garota com o estômago embrulhado, mesmo ela não tendo lanchado - ela não lanchava há exatas 3 semanas (alguma relação causa-feito com nosso amigo misterioso? Hum...A paixão tira o apetite? Nossa! Preciso me apaixonar, logoooo! rsrsrs).
Definitivamente, pensando e agindo como naquela manhã, fugindo por um medo fictício de que aquele sentimento pudesse causar-lhe dor, tomar-lhe o coração machucado e remendado (como se fosse possível sentir mais dor do que ela havia sentido naquele inverno!), Claire não parecia mesmo com uma borboleta dourada, ela...
Ela estava mais para uma MARIPOSA.
Sim. Um inseto notívago, que de tantos tons de cinza e marrom presentes em sua existência não consegue mais acreditar no seu brilho próprio, e parte buscando desesperadamente uma LUZ.
A LUZ...Aquele garoto e suas palavras doces, sua atenção estranha porém já desejada e tão reconfortante eram como a luz que atraía Claire todas as noites...
Vive na noite e por não conhecer o SOL, o dia, a esperança e a possibilidade, vive a voar, a chocar-se contra paredes falsas e ilusórias e a perseguir uma falsa energia e brilho.
Voa desesperada e não sabe que o que vê ao longe e que parece ser a sua tão almejada LUZ, não passa de uma armadilha vil e mesquinha.
Mas, ela precisa da LUZ, ela queria sentir esta LUZ e no seu vôo rápido e estabanado, não nota que chegar até a luz e tocá-la será seu fim, é como uma busca suicida!
(Calma, o que mariposas e luz tem a ver com a Claire fugindo da atração pelo seu novo "amiguinho"?? Relaxem, chegaremos lá...).
Nossa pobre garotinha chega finalmente em casa, depois de passar a viagem inteira sacudindo no velho ônibus - agora agradecia por sua mãe ter insistido para que ela tivesse transporte escolar - sobe correndo para seu esconderijo particular, seu quarto (já que a Biblioteca era um esconderijo público e onde seu "amigo vampiro" sempre ia atrás dela no intervalo...Opa! VAMPIRO? Eu sei, eu sei que prometi não colocar um vampiro no meio disso, mas, é só uma inofensiva metáfora, tá? Por favor, não resisto! rsrsrs).
Claire sentou-se na cama e começou a lembrar da aflição que viveu uma hora atrás...Ela sentanda ao lado dele, Rei Lear (Shakespeare é....so, so Shakespeare!) na mão...Borboletas variegadas, rosas, jardineiro. Jardineiro.
E as mariposas?
Claire lembrou-se das "primas menos favorecidas" e injustamente renegadas que as borboletas têm...
Sim. Elas eram como Claire. Estranhas, diferentes...Tinham tudo para serem belas e admiradas como as borboletas, mas faltava alguma coisa...
Cor? Ou faltaria um jardineiro que pudesse VER além do cinza e do marrom? Hum...
Vê-las através da casca, da aparência, do que havia entre eles? O jardineiro VENDO sua mariposa.
Não mais a buscar uma borboleta multicor, mas conseguindo entender que, por trás daquela cerca que o separava das rosas, da sua tão desejada borboleta, existia uma mariposa a esperar, a sonhar...
Sonhar apenas com uma luz que não fosse falsa, que não fosse uma armadilha que só desejava atraí-la, ganhá-la e possuí-la por um instante, até que um monstro (um lagarto predador, um inseto maior) viesse para devorá-la.
Ela, a nossa mariposa sem graça e indiferente em sua camuflagem ,agora tão frágil, tão desprotegida ao ser levada até aquela luz...Seria a última vez que a mariposa acreditava, que tinha esperança.
Aquilo não passava de uma ilusão, mais uma...Com a finalidade de fazer cumprir a cadeia alimentar.
Mariposa-luz-predador.
Ah! Sim...Elas não possuiam muita cor, e eram suicidas.
Suicidas...
Prefiro ingênuas e sonhadoras! Ora! Elas têm direito a sonhar com o SOL...
É...as mariposas sonham com a luz e voam para uma armadilha...Encontram um sinal de luz e seguem sem pensar direto para um engodo.
A vontade de ser feliz, de brilhar e aquecer-se no sol é tamanha que ela nem raciocina, coitada!
Voa, chega até seu tão sonhado SOL (que não passa de uma lâmpada vagabunda acesa em alguma casa), um sol artificial e perigoso.
Por que isso?! Até as mariposas merecem ter direito de sonhar, ou não?
Infelizmente, nem sempre a frase "O sol nasce para todos" é verdadeira - pelo menos não para as mariposas - não para Claire!
Se ela se deixasse atrair, cativar e mergulhar nos olhos profundos daquele menino, seria como uma mariposa deslumbrada pela luz artificial e falsa de uma lâmpada.
Não que ele fosse um marginal, um tarado, nem era o estilo "bad boy". Mas...
Claire sabia! Ele não sentia o mesmo...Não podia ser...
Era tudo tão novo, tão recente...Ele amava outra há pouco, ele sofria por outra menina (uma borboleta, URGH! Que ódio! Nada contra borboletas, só contra AQUELA) e Claire sabia disso.
Ele poderia esquecer tão rapidamente? Quanto tempo leva um coração para parar de chorar?
Quanto tempo levaria um jardineiro para esquecer sua rosa mais desejada e cultivada no calor do seu coração?
E se a borboleta que ele queria fosse nada mais que uma lagarta? E se a verdadeira rosa, ou botão perfumado e intocado fosse aquela pobre garota com o coração partido?
A mariposa sem graça, marron...Mas que, quando o sol - se um milagre acontecesse e ela visse o SOL, se o sol pudesse tocar suas asas - não se veria mais a escurdião, o sofrimento e a dor, veria-se um arco-íris, como uma marca d'água escondida, um brilho ofuscante, desconcertante e inesperado em meio às cores do antigo disfarce!
Só para ELE. Só ele a veria como um todo.
Sem disfarces, sem rodeios, sem MEDO.
O celular vibrou na mão dela.
Era ELE! O visor rachado - o celular havia sofrido um traumatismo craniano - gritava.
O que fazer agora?
Claire sabia que ele perguntaria, interrogaria, afinal, ela saiu feito vampiro fugindo do sol (É, eu gosto mesmo de vampiros e daí? rsrsrs) ela agiu como louca e sabia que ele tinha direito de perguntar "O que eu fiz ou falei de errado?" "Você esqueceu de tomar seu remédio para loucura hoje?"....Qualquer pergunta seria natural diante do que ela fez, sme nem olhar para trás, correu.
AFFFFFFFFFF. Atenda, logo! Aquela voz sensata e salvadora que fazia o favor de não desistir dela - um caso perdido - veio fazê-la acordar.
- Alô............................
- Nossa, vc teve um treco ou o que? Você saiu com tanta pressa...O que foi? Ah! Seu livro, o que estávamos lendo, você deixou comigo. - Ele falou descontraído.
- Eu...eu, estava atrasada para pegar o ônibus escolar...
- Claire! O ônibus sai a cada hora e eu podia te dar uma carona. - Risadas do outro lado da linha (ain! que mancada)
Olha, tenho que desligar, outra ligação...
O que??? Ele....Ele desligou porque recebeu outra ligação? Claire não conseguia esconder as marcas da decepção...Devia ser ela....a tal "borboleta colorida" que ele tanto queria e amava....
Ela não esperava que ele ligasse, não esperava NADA dele! Ela nem pediu que ele fosse seu amigo, que a ouvisse, que a cativasse! Ela não pediu nada disso!
Ela não queria gaguejar ao explicar que era uma idiota e que estava com medo, medo se sentir, de se apaixonar pelo garoto mais popular do lugar ( que certamente não era um "santo", os santinhos não são populares, todo mundo sabe disso, é a regra social e brutal das escolas...DERRRRR) , medo de ser perseguida (quem sabe até afogada) pelas garotas populares que o queriam...
Ela não pensou nisso, não pediu por aquilo ela....Ela....
Claire sentiu uma lágrima solitária como ela umedecer a face esquerda do seu rosto alvo como uma nuvem...
Ela só queria ser amada.
E ele? O que ele queria?
Ela era só parte de um plano para que ele esquecesse sua eleita? Sua borboleta dissimulada e egoísta ou ele podia ver as cores por trás da armadura da mariposa?
Ele podia sentir que aquele coração se segurava para não pulsar demais a ponto dele ouvir e fugir?
Todos sempre fogem... - Pensou Claire.
Uma hora ou outra, eles fogem..Sem dizer adeus, sem olhar para trás. Deixam a exótica, forte e atraente mariposa da noite para partir em busca de uma borboleta e suas cores ilusórias que prometem amor, diversão e fascínio.
E a mariposa?? (Quer saber o que acontece com ela?)
Ela volta a ser solitária, a vagar triste, sem cor e sem SOL...Sempre procurando uma luz artificial.

Não! Não quero mais ser a mariposa, não quero mais falsas luzes e promessas! Eu quero sentir, eu quero ter o que tive no inverno passado! Quero sentir e ter tudo que mereço, nem que para isso eu tenha que voltar ao meu casulo, voltar a ser apenas uma larva e renascer.
Não mais terei medo de voar, de buscar e desejar! Eu o quero, quero para mim e comigo, não importa quantas borboletas já iludiu, quantas são tuas armadilhas e planos...Amanhã o encontrarei no colégio e não vou fugir, não mais!!
- Claire repetiu para si mesma enquanto enxugava as lágrimas que agora desciam desgovernadas.

Mas, caso o jardineiro, caso aquele garoto cheio de luz (Ele agora era como a luz para ela), caso ele a magoasse...Ela sobreviveria?

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

AMOR OU AMIZADE?


Sabe aquele seu amigo? Aquele que está sempre ao seu lado, lhe faz sorrir, lhe apoia, está sempre com você, nos momentos mais simples e bobos, rindo da piada mais sem graça, mas também lhe falando palavras que você precisa ouvir, na hora e momento certos?
Ele é vital para sua existência, seu porto seguro, seu céu e seu chão! Com ele não existe vergonha ou regra, tudo pode ser falado, sem medo ou disfarces...
No começo, ele a fazia sorrir e isso já era motivo para querer ficar perto o tempo todo...
O tempo passou e um olhar que poderia ser aquele olhar de todos os dias de repente pareceu se iluminar, um brilho diferente e perturbador...um toque de mãos...um beijo no rosto que parece queimar em chama onde antes só havia uma brisa suave.
A palavra que era de incentivo e apoio, torna-se uma melodia que fala de curiosidade, de saudade...de sentimento.
E você se pergunta: Como isso pode acontecer? Logo comigo!?
Como sentir saudade de alguém que pode estar comigo eternamente? Basta apenas eu me calar, eu não querer mais que um beijo no rosto.
Mas você não quer mais o ombro amigo ou a frase que lhe faz sentir melhor...Você quer mais!
Quer tudo o que você pode sonhar viver ao lado dele...Quer o toque, o beijo...imagina a temperatura da pele dele....
Quando o seu amigo se torna um amor?
Você já não sabe como agir, seu coração bate ligeiramente apressado e ansioso...vai fundo na emoção que antes era só amizade, tudo muda rapidamente e você se pergunta:
Será que ele sente tudo o que eu sinto por ele?
Você se sente completamente e irremediavelmente apaixonada!
E fica difícil de esconder... Você já não sabe como agir e nem tem para onde fugir...
O amor lhe pega, lhe agarra quando você não pode se proteger ou esperar!
Como fugir da pessoa que é parte da sua vida?
Como fugir do ombro e das palavras que sempre lhe fizeram levantar depois de uma queda?
Como escapar do sorriso que é seu SOL, que clareia os dias escuros e sempre tem uma palavra de carinho quando tudo parece estranho e perdido?
Nada poderá impedir esta paixão.
E você pergunta se está louca, você se dá conta do que o amor lhe faz... e do preço de lutar por este amor.
Perder seu amigo para sempre seria um preço justo a pagar para viver este amor?
Você consegue arriscar?
Poderia dizer a ele: EU TE AMO!?
Gritaria do alto de uma montanha?
Nada será capaz de apagar este amor, mesmo que você não faça nada!
Mesmo que o reprima e lute contra o que sente, mesmo que tenha MEDO.
E ainda que sejam eternamente amigos e que o destino lhe reserve um novo amor, seu coração nunca esquecerá o pequeno grão de esperança que sentiu um dia...

San Venture

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A HUMANA EM MIM...


A humana em mim

Conheci há muito séculos um vampiro tradicional. Sabe aquele vampiro que traz a sede no olhar? Aquele que olha em seus olhos e sustenta o olhar até você não sentir mais o seu corpo, até suas pernas tornarem-se fracas e parecer que o mundo está girando?
Sim, assim era este vampiro. Se ele carregava em seu interior esta força arrasadora, a aparência não era diferente, era melhor!
Jovem, sedutor, sagaz, a anatomia esculpida com detalhes tentadoramente desenhados...Iluminando-lhe a face havia um par de jades, olhos felinos e famintos, desejando ver através da mente de quem ousasse encará-lo por mais que segundos. Um verde paralisante, um ar de superioridade sem querer ser superior, naturalmente forte e dominante.
Voraz! Assim era este ser.
Incontrolável, assim me parecia sua sede.
Uma vampira racional, dura, fria....alguns dos adjetivos que já me atribuiram..rsrsrsrs Mas, gosto de pensar em mim como precavida e astuta, afinal, não fui criada ontem... E foi isso que fiz ao conhecer tamanha força da natureza. Resguardei, protegi, afastei-me.
Ele era o desconhecido e isso representava: perigo.
A força que emanava dele me assustou. Firme, direto, impenetrável, obstinado e por que não dizer, indestrutível.
Alguém que só é visto a cada milênio de criações, um ser único, solitário em sua essência.
A vampira forte e destemida que havia em mim, temeu.
Temeu ainda mais quando este ser único se aproximou dela. Ele inicialmente usava máscaras e evitava tirar o seu elmo e mostrar sua face.
Apenas os olhos jade apareciam sob a armadura do vampiro guerreiro e já causavam distúrbios desconhecidos em meu corpo.
Um dia, enquanto chovia muito, e só nós estávamos na floresta, ele olhou fixamente para mim, como a examinar mais uma de suas presas.
Senti meu corpo gelar. Como podia ser? Eu estava com medo?
Sim. Eu estava e não adiantaria negar a mim mesma.
Medo.
A humana em mim, o que sobrou do meu coração ainda pulsante, mostrou-me que, diante daquele vampiro belo e assustadoramente sedutor, eu não passava de uma humana, por mais que a vida já estivesse extinta em mim!
Não havia mais razão, dureza, frieza!
Meu dom, minha força, minha razão, nada restaria se eu me permitisse. Eu não devia ceder ao chamado que vinha do verde-mar profundo dos olhos felinos me encarando. Ele queria me tragar, me beber inteira.
Ele seria como um furação se eu permitisse que ele me envolvesse. Não restaria mais nada no lugar! Só caos, desordem, meu centro seria abalado como em um terremoto.
Quando ele percebeu minha hesitação diante do olhar que parecia despir-me completamente ao simples movimento ondulado das suas pupilas imensas, ele sorriu.
Um sorriso sarcástico e maldoso, porém...delicioso!
Ali estava a fonte! A fonte de tudo! Do meu medo, da atração, do desejo.
Ele retirou a armadura que cobria seu tórax, seu peito liso e forte reluziu ao toque e escorrer da água fria da chuva. (Pensei que as gotas evaporariam!).
Em uma visão que parecia em câmera lenta... ele arrancou o elmo dourado e o jogou na grama, deixando seu rosto livre, intenso.
Ele sabia do poder daquela revelação, afinal, quem não desejaria um deus grego?
Ele sacudiu o cabelo longo e claro em um movimento frenético, rápido, lançando seu suor misturado à chuva em meu rosto inteiro...meus lábios sentiram o sabor!
Ele era...lindo! Incontestavalmente o vampiro mais belo que meus olhos já avistaram por estas planícies surreais!
Ao invés de correr e me lançar sobre o peito dele, derrubando-o sobre a grama até que nossos corpos afundassem num só abraço sobre a cama verde, recuei e abaixei o olhar.
Era a humana em mim outra vez.
Ela vinha me lembrar que ele era: DEMAIS. Demais para mim, demais para que eu o tivesse só para mim, demais para que eu o conservasse ao meu lado! Seria apenas um momento efêmero, nada mais.
Vampiros como ele apenas querem sugar, saciar, deliciar-se ao bel prazer da imortalidade...
Diante da guerra em mim, a humana venceu a vampira! Tão impossível como a Lua encontrar o Sol, a humana que morou em meu coração venceu. Ela me aprisionou nos meus receios, inseguranças...Ela me fez fugir e correr.
Correr para bem longe da tentação! Corra! Você é apenas mais uma.
Se eu ficasse ali, mais um segundo, estaria presa a ele para sempre.
E ele nunca seria só meu, não. Ele era mais, único, cobiçado..filho de um Rei. Ele poderia ter tudo, o mundo. Por que se contentaria comigo?
Eu não queria sofrer ao vê-lo saciar seu desejo e partir.
A humana que viveu em mim e que acostumou-se a pensar, a controlar, a defender-se para não ser magoada, venceu afinal.
Corri para bem longe, deixando-o com um olhar de descrença e interrogação...eternamente.
Sempre nos encontrávamos em nossas terras, mas nunca falamos sobre aquela tarde chuvosa onde ele revelou-se.
Catalizei toda a paixão do primeiro encontro em uma força maior que tudo: amor.
Não um amor imortal, tradicional, convencional e surreal!
Um amor leve, amplo e irrestrito. Libertador.
Assim, vendo-o e tendo-o livre, admirando-o na belaza da sua natureza selvagem e instintiva, eu sabia, em meu coração gelado e racional da vampira que voltou a reinar em mim, que ele sempre seria meu, pois teríamos sempre a imensidão da nossa imaginação...
E, quem sabe um dia, a humana em mim volte a comandar, e ao invés de exigir "fuja!", ela peça: "entregue-se!".

San Venture

terça-feira, 24 de novembro de 2009

CREPÚSCULO (NEW MOON)


Uma coisa não posso deixar de dizer, concordo em parte com alguns fãs que definiram o filme como um "vídeo clip sem roteito", sobre NM, faltou paixão sim! Isso é fato.
Apesar de eu ter gostado mais do que pensei deste filme (já que NM não é meu livro preferido), até mesmo passei a ver o Jacob Black com melhores olhos (e como! rsrsr), Mas não nego que o titio Cris W. (o diretor) pecou na questão de não aprofundar o drama da perda e ainda mais a cena onde Edward e a Bella se reencontram em Volterra, foi simplesmente, básica (digo o momento mesmo deles se abraçando, faltou desespero, urgência ali!).
Só depois ele valorizou a cena dos Volturi (claro, era previsível, ele é daqueles que valoriza a ação na cena e deixa o romance em segundo plano...
A trilha sonora como eu havia dito antes, deixou a desejar e MUITO! Não sei nem que músicas tocaram a cada enquadramento, era tudo plano de fundo, sem marcar a cena, sem emoção, só mesmo a música deprimente que acompanhou o passar dos meses da Bella em seu quarto cumpriu seu papel, deprimiu... Outubro, novembro, dezembro...
Obviamente tivemos pontos fortes. Como os efeitos, a atuação bem mais madura dos atores, principalmente do Robert Pattison que deu um show com suas expressões sofridas e de culpa.
Não sei se concordam, mas, é o que achei, apesar de ter adorado o filme, não nego que faltou realmente PAIXÃO!

bjuxx!
San